EnviroMail 42 Brasil
Gerenciamento de temperatura de amostras ambientais
O resfriamento adequado preserva a integridade de amostras ambientais, retardando reações e garantindo a confiabilidade das análises, mesmo em condições adversas.
A orientação geral é que as amostras devem ser mantidas a uma temperatura inferior à de coleta, sendo eficaz se o resfriamento for aplicado imediatamente após a coleta das amostras.
CLIQUE AQUI para fazer o download da versão ilustrada do Enviromail 42 Brasil - Temperatura de amostras ambientais
Pontos de Avaliação
O mundo moderno nos possibilitou a utilização de refrigeradores. Dificilmente temos problemas em manter itens que necessitam de refrigeração em nosso cotidiano. Mas como podemos proceder quando o acesso a um equipamento de refrigeração é restrito as condições locais ou a refrigeração é afetada em transportes entre locais de difícil acesso?
Nesse cenário, a etapa principal é o planejamento. Imagine que você passou em um supermercado para comprar sorvete e frutos do mar. No meio do caminho seu carro quebrou. Além da infelicidade da necessidade de conserto do carro, a consistência do sorvete e odor dos frutos do mar (agora impróprios para consumo), vão se somar a esse prejuízo.
Tratando-se de amostras ambientais, assim como o sorvete ou frutos do mar, cada item tem seu tempo e condições para manutenção da validade. Diferente do cenário anterior, um processo de amostragem e transporte permite um planejamento prévio para garantir a preservação das amostras. Apesar do planejamento, nada impede de imprevistos ocorrerem. Mesmo com imprevistos, algumas informações podem nos auxiliam a contornar problemáticas possíveis.
Considerações sobre Temperatura e Preservação
O conceito por de trás do processo de manutenção de temperatura está relacionada a área de contato entre os corpos que transferem calor. Quanto maior a área de contato, mais eficiente será o resfriamento. A área de contato está relacionada a superfície de contato de um corpo.
Pegue uma quantidade de massa de modelar e faça uma única esfera ou 10 esferas menores. Podemos avaliar a área da superfície das esferas e vamos verificar que a soma das 10 áreas superficiais das esferas menores nos fornece uma maior área superficial total em relação a área superficial de uma única esfera. O mesmo cenário pode ser utilizado para diversos materiais, como o gelo. A área superficial total para 1 kg de cubos de gelo é maior que a área superficial de um bloco de 1 kg de gelo. Mas na prática, qual é a relação de área superficial na taxa e manutenção de resfriamento? Como podemos conservar desde amostras ambientais á frutos do mar enquanto resolvemos a questão da manutenção do carro?
Rapidez no Resfriamento das Amostras
Algumas situações envolvem a necessidade de amostragem próximas ao laboratório e/ou em dias quentes. Neste caso, qual é a melhor prática para o resfriamento de uma amostra? Os dados dos testes experimentais obtidos pela ALS auxiliam nas respostas de perguntas associadas a esse tema. Experimentos controlados em sete cenários diferentes, incluindo amostras a 20°C (ambiente) e 40°C (quente), tanto embaladas quanto não embaladas (Imagem 2), possibilitou as seguintes observações:
• O uso de blocos de gelo permite manter as amostras ambientais a <6°C por 20 horas, enquanto o gelo comum manteve a temperatura por 30 horas, mesmo quando as temperaturas chegam a 40°C;
• Foram necessárias 1,15 horas para resfriar amostras a <6°C com gelo ou blocos de gelo, mas foi 35% mais rápido resfriar amostras a <3°C com uso gelo comum;
• Amostras quentes podem ser resfriadas a <6°C em 2 horas com uso de gelo comum;
• Com o uso de plástico bolha, o resfriamento das amostras (através do isolamento), necessitou de duas a quatro horas para superar o isolamento;
• O resfriamento inicial com gelo por quatro horas, com substituição por blocos de gelo, foi mais eficaz do que o uso apenas de blocos de gelo, estendendo o tempo de armazenamento a <6°C para 30 horas.
Avaliação para Envio de Amostras
Um grande projeto internacional realizado pela ALS na Ásia, envolvendo matrizes para águas e solos, permitiu avaliar a questão de transporte/temperatura de amostras. Neste projeto, foi necessário o translado aéreo das amostras por um período de 12 horas, além de retenção pela alfândega/quarentena. As limitações incluíam a incapacidade de enviar as amostras com gelo.
Discussões de planejamento otimizaram o plano de amostragem no uso de gelo para resfriamento das amostras em campo. Em seguida, como etapa adicional, as amostras foram colocadas em um freezer, pelo tempo de 15 a 30 minutos, até atingirem <2°C. As amostras foram então embaladas e levadas ao despachante (com controle da temperatura) para envio imediato, chegando ao laboratório de Sydney (local de análise) em pouco menos de 36 horas.
Verificou-se que as temperaturas das amostras ficaram bem abaixo de 4°C, com algumas chegando a 2,1°C.
Avaliação da Quantidade de Gelo para Resfriamento
A ALS Europa avaliou o impacto no uso da quantidade de gelo para resfriamento de amostras (Imagem 3). Podemos verificar que a quantidade de gelo utilizada impacta no resfriamento inicial e na conservação da temperatura. Em qualquer caso, é importante considerar a massa de amostras que serão resfriadas e a duração do transporte.
Integridade da Amostra
Entre os diferentes motivos para a necessidade de preservação de amostras, temos:
• Microrganismos: Amostras ambientais, como água, solo e ar, podem conter microrganismos que se proliferam rapidamente em temperaturas elevadas. O resfriamento retarda o crescimento microbiano, preservando a composição da amostra e impedindo a degradação de compostos bioquímicos e a formação de toxinas.
• Compostos voláteis: Temperaturas elevadas podem levar à evaporação de compostos voláteis presentes nas amostras, alterando sua composição química e dificultando análises posteriores. O resfriamento minimiza a perda desses compostos, garantindo a confiabilidade dos resultados.
• Degradação de compostos: O calor pode promover a degradação de compostos orgânicos e inorgânicos presentes nas amostras, interferindo nas análises laboratoriais. O resfriamento retarda esses processos degradativos, assegurando a qualidade e confiabilidade dos resultados.
• Precipitação de compostos: Temperaturas elevadas podem induzir a precipitação de compostos dissolvidos nas amostras, dificultando sua análise. O resfriamento mantém os compostos em solução, facilitando as análises e garantindo a obtenção de dados precisos.
• Mudanças na morfologia: O calor pode alterar a morfologia de microrganismos e outros componentes biológicos presentes nas amostras, dificultando sua identificação e caracterização. O resfriamento preserva a morfologia original, permitindo análises precisas e confiáveis.
Normas e Regulamentações
Agências internacionais e nacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), possuem normas e regulamentações que exigem o resfriamento adequado de amostras ambientais durante o transporte. O cumprimento dessas normas garante a qualidade dos dados, a segurança dos trabalhadores e a proteção do meio ambiente.
Neste aspecto, laboratórios que realizam análises de amostras ambientais precisam seguir protocolos rigorosos de controle de qualidade, incluindo o resfriamento adequado das amostras durante o transporte. O cumprimento desses protocolos é essencial para a acreditação do laboratório, garantindo a confiabilidade dos resultados e a qualidade dos serviços prestados.
Segurança Durante o Transporte
Não menos importante, sempre devemos prevenir acidentes. O resfriamento adequado das amostras durante o transporte nos auxilia em prevenções, como: vazamentos, rupturas de embalagens e contaminação do ambiente. Isso garante a segurança dos trabalhadores envolvidos no transporte e protege o meio ambiente de riscos biológicos e químicos.
A legislação sobre o transporte de materiais perigosos, incluindo amostras ambientais com potencial de risco biológico ou químico, exige medidas de segurança como o resfriamento adequado.
O emprego dessas medidas garante a preservação da integridade da amostra, a qualidade da análise, a conformidade com normas e regulamentações e a segurança durante o transporte.
Considerações Sobre o Tema
O tipo de gelo utilizado (gelo comum, gelo seco, placas de gel refrigerante) e a quantidade necessária variam de acordo com o tipo de amostra, o tempo de transporte e as condições climáticas. É fundamental seguir as normas e regulamentações específicas para o transporte de amostras ambientais, incluindo os requisitos de embalagem, rotulagem e documentação.
Na dúvida, é importante consultar um especialista em transporte de amostras ambientais para determinar o método de resfriamento mais adequado para cada caso.
Recomendação da ALS
Cada situação é particular, mas em todos os cenários, a ALS recomenda que as amostras sejam imediatamente colocadas em gelo após coleta e envase. Se necessário, remover a água de desgelo e adicionar gelo novamente durante despache de transporte. Manter de um dia para o outro sob refrigeração (freezer) auxilia no processo de transporte. Para longas distancias, a adição adicional de blocos de gelo é recomendada quando não se pode utilizar gelo comum.
Caso tenha dúvidas sobre a melhor forma de amostragem ou transporte de amostras ambientais, entre em contato com nosso time de relacionamento. Se necessitar do emprego de serviços de ensaios ambientais ou amostragem, escreva para ambiental.br@alsglobal.com para verificarmos quais serviços melhor se adequam ao seu cenário.