Fuligem no Motor a combustão - Como se forma e o que pode causar
Como se forma fuligem no motor a combustão?
Combustão ou queima é uma reação química entre um material combustível e um material comburente. Salvo algumas exceções das quais não trataremos aqui, trata-se de uma reação exotérmica, ou seja, libera calor.
Vamos nos ater aos motores movidos a diesel. O diesel é uma fração líquida do petróleo formado predominantemente por carbono e hidrogênio.
Um motor a combustão ideal produziria apenas dióxido de carbono e água. Este motor ideal seria capaz de nos permitir uma combustão chamada de “completa”.
Mas nenhum motor é completamente eficiente. Devido à combustão incompleta, além do dióxido de carbono e água também encontraremos monóxido de carbono, carbono e outros resíduos tóxicos.
A fuligem é o carbono resultado da reação incompleta. É bastante daninha e deve ser controlada.
Embora a maior parte da fuligem produzida seja expelida pelo sistema de exaustão, uma parte dela se mistura com o óleo que lubrifica os pistões e depois é raspada pelos anéis em direção ao cárter. Também alguma porção de fuligem em suspensão nos gases consegue passar pelas folgas normais dos anéis e se misturar facilmente com o óleo lubrificante. Por isto é possível monitorar a formação de fuligem empregando a análise de óleo.
Qual o tamanho das partículas de fuligem?
A fuligem é praticamente composta por 98 de carbono. Suas partículas possuem forma geralmente esférica e seu diâmetro médio é ainda motivo de importantes discussões e pesquisas pois há estudos demonstrando que podem chegar a 0,03µm (quase 1000 vezes menor que um fino fio de cabelo). As dimensões dependem das condições operacionais do motor e das propriedades do combustível.
Em termos práticos, o maior problema se dá pela facilidade com que estas finas partículas formam aglomerados daninhos para o motor.
Tais aglomerados são minimizados pelos aditivos dispersantes dos lubrificantes.
Com o uso, estes aditivos se esgotam. Então, vemos aqui mais um dos importantes parâmetros monitorados pela análise de óleo.
Quais os principais fatores que aumentam a produção de fuligem no motor?
A produção de fuligem em motores diesel é mais pronunciada do que nos motores a gasolina, álcool ou gás.
O principal fator é a forma de alimentação e ignição do combustível.
Gasolina, álcool e gás empregam centelhas para a ignição. Nestes casos a mistura ar/combustível costuma ser bem mais homogênea do que nos motores diesel nos quais a explosão da mistura se dá pela alta compressão.
A pulverização do diesel na câmara de combustão pode apresentar pequenas regiões muito densas de combustível líquido. Elas oferecem maior dificuldade para uma combustão completa. Vem daí a necessidade dos cuidados especiais de manutenção dos bicos injetores.
A seguir vemos alguns dos principais fatores que aumentam a formação de fuligem.
- Longos períodos em marcha lenta
- Muitas partidas e paradas
- Desgaste de anéis de pistões
- Bicos injetores com pulverização irregular
- Mistura muito rica
- Filtros de ar entupidos
- Qualidade do combustível
Embora existam vários outros fatores, observe o ponto em comum daqueles que listamos acima... Há combustível que não se queimará por completo.
Quão prejudicial é a fuligem?
A fuligem é muito prejudicial não apenas ao motor. Afeta bastante o meio ambiente e a saúde. Estudos clínicos mostram que, por conta de suas pequenas dimensões, fica suspensa na atmosfera causando mal-estar, irritação nos olhos, garganta e pele, dor de cabeça, enjoo, bronquite, asma e até câncer de pulmão. Não é para menos que as legislações têm se tornado cada vez mais restritivas.
Voltando a falar sobre motores, o excesso de fuligem causa problemas numa sequência em cadeia:
- A fuligem acelera o consumo dos aditivos dispersantes dos óleos de motor (principalmente se forem lubrificantes de baixa qualidade)
- Menos aditivos levam à formação de borra e aglomeração das partículas de fuligem
- Fixados às superfícies do motor, tais materiais reduzem o fluxo de óleo
- A fuligem também pode aumentar a viscosidade, dificultando ainda mais o fluxo de óleo
- Menor fluxo de óleo aumenta o desgaste das partes mecânicas.
- Maior desgaste leva a falhas prematuras do motor
E não para por aqui. É um fenômeno que se realimenta:
- Maior fuligem pode formar depósitos nas ranhuras/alojamentos dos anéis dos pistões.
- Estes depósitos deteriora a selagem entre os anéis e camisas com possível abrasão.
- O desgaste por abrasão aumenta a folga entre anéis e camisas facilitando a passagem de resíduos da combustão, incluindo gases e deixando passar combustível ainda não queimado para o cárter.
- Com aumento das perdas, reduz-se a compressão com piora da combustão e geração de ainda mais fuligem.
No mínimo, nosso motor terá perda de rendimento.
Como o laboratório mede a fuligem?
Como vimos acima, a fuligem é predominantemente partículas de carbono finíssimas.
Estas partículas finíssimas bloqueiam a luz visível com muita facilidade. E aqui nos lembramos das famosas recomendações para troca do óleo por ele estar muito escuro.
Mesmo uma quantidade bem pequena já é capaz de bloquear muito a luz, enegrecendo bastante o óleo. Assim, as avaliações meramente visuais causam trocas de óleo que poderiam ser postergadas ou, eventualmente precisariam ser antecipadas.
Em laboratório também avaliamos o bloqueio da luz. Contudo, não é a luz visível e sim a infravermelha.
O espectrômetro de infravermelho permite separar o comprimento de onda mais adequado para quantificar a intensidade de bloqueio e comparar esta intensidade com padrões de calibração. O resultado é o teor de fuligem presente na amostra.
Proteja o seu motor. Utilize lubrificantes e peças de reposição de qualidade assegurada, mantenha-o limpo e bem regulado e monitore suas condições com quem está sempre ao seu lado.